quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Antologia Poética, com novos ares, Vinícius de Moraes

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Não sois Loélia tenebrosa
Nem sois Vanda tricolor
1º nome de amada:
Ariana, a mulher – a mãe, a filha, a esposa, a noiva, a bem-amada!
Vagabunda, patética, indefesa
O demônio em todas as idades:
Uma cadela.
Nós nos possuiremos
Longe dos pescadores
Entre os amigos num bar
Vestida de Tangolomango
(No mundo há tantos amantes)
As nádegas crispadas no desejo
Que pensas usted que saiu?
Uma gota de leite no teu seio
Nas ondas de tua saia
Como se fosse de chumbo
E a angústia do regresso morava já nos olhos teus
Depois foi o sono, o escuro, a morte
Toda a afeição da ausência.

Dança, ó desvairado!
-Canta, Rouxinol!
Porque cantar é a missão do poeta
E o gosto ardente de morrer
De sede lentamente
Tomo um porre danado que você vai ver:
Mijaremos em comum numa festa de espuma
Et nunc et semper
Mas que seja infinito enquanto dure.

De repente, não mais que de repente
Um rio nasceu
(Porque hoje é sábado)
E o velho celo sorriu!

Um comentário:

  1. Ficou muito bom!!
    Dá pra perceber toda uma transição ao longo do texto, mas sem perder o sentido do todo, adorei.

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